Quais as causas de doença cardíaca no gato ?
O coração do gato tem uma estrutura muito parecida com a do ser humano (vide figura). A causa mais comum de doença cardíaca no gato é a cardiomiopatia, que nada mais é do que a doença do músculo cardíaco- o miocárdio. Existem vários tipos de cardiomiopatia, classificadas de acordo com o tipo de alteração sofrida pelo miocárdio. São elas:
Cardiomiopatia hipertrófica (CMH): é a cardiomiopatia mais prevalente dentre os felinos e caracteriza-se por hipertrofia do ventrículo esquerdo sem que haja dilatação do mesmo. A idade média de animais acometidos varia de 3 meses a 17 anos, sendo parece ocorrer com mais frequência nas raças Maine Coon, Ragdoll e Persa. É uma doença de caráter genético e sua transmissão é hereditária. Na CMH há diminuição do relaxamento do músculo cardíaco, fazendo com que o ventrículo esquerdo fique menos complacente ao volume de sangue vindo do átrio esquerdo.
Assim, um volume de sangue maior ficará retido no átrio esquerdo causando o aumento do mesmo. Pode haver também aumento da pressão em veias pulmonares e pulmão levando à insuficiência cardíaca congestiva.
Cardiomiopatia dilatada (CMD): músculo cardíaco se torna fraco e flácido causando falha no bombeamento de sangue e, consequentemente, diminuição importante do fluxo sanguíneo para os órgãos. Pode acometer qualquer raça, porém os felinos das raças Abissínio e Siamês parecem ser mais predispostos. Normalmente associada à deficiência de taurina, atualmente não é uma doença muito comum devido ao fato das rações serem suplementadas com esse aminoácido. A CMD pode ser ainda de causa idiopática nos felinos. Como na CMH, também pode ocorrer aumento do átrio esquerdo podendo então progredir para insuficiência cardíaca congestiva.
Cardiomiopatia restritiva (CMR): ocorre rigidez na parede do miocárdio que leva à diminuição da sua elasticidade, provocando diminuição do relaxamento e enchimento ventricular e consequentemente à falha no esvaziamento do coração. Os animais mais acometidos são os de meia idade a idosos.
Quais são os sintomas clínicos?
É importante ressaltar que os felinos podem demonstrar sintomas discretos da doença cardíaca e que muitas vezes não são observados pelos proprietários. Eles incluem:
- intolerância ao exercício (cansaço)
- perda de apetite e/ou perda de peso
- dificuldade respiratória
- respiração ofegante
- paralisia de membros pélvicos e dor em casos de tromboembolismo.
Devido ao aumento do átrio esquerdo e falha no enchimento cardíaco que ocorrem nas cardiomiopatias felinas, o sangue dentro dessa câmara tende a ficar parado (estase sanguínea) e predispor ao desenvolvimento de trombos que podem se romper e se alojar em artérias distantes do coração, levando à quadros graves de tromboembolismo arterial sistêmico.
Como se faz o diagnóstico?
O principal método diagnóstico das cardiomiopatias felinas é o ecocardiograma. Por meio dele avaliam-se as estruturas cardíacas e seu funcionamento. Outros exames como radiografia torácica para avaliação de campos pulmonares, eletrocardiograma para avaliação de ritmo cardíaco e aferição da pressão arterial sistêmica também devem ser realizados para completa avaliação cardíaca.
Qual é o tratamento?
Os objetivos do tratamento das cardiomiopatias felinas incluem melhorar o relaxamento cardíaco e/ou aumentar a força de contração nos casos de CMD, melhorar os sintomas de congestão, reduzir os riscos de formação de trombos, melhorando a qualidade e o tempo de vida. O tratamento medicamentoso consiste em:
- diuréticos que removem o excesso de líquido dos pulmões ou pleura
- vasodilatadores que facilitam o trabalho cardíaco
- medicamentos que melhoram o relaxamento e a frequência cardíaca, melhorando o volume de sangue bombeado
- medicamentos que melhoram o fluxo sanguíneo pelos pulmões, melhorando a oxigenação
- medicamentos que diminuem o risco de formação de trombos